quarta-feira, 12 de setembro de 2012

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   Dizem que já faz 2 meses que não chove. Eu até acredito, embora não tenha me cutucado a curiosidade de procurar o dia em que caiu a última gota de água no chão dessa cidade. O fato é que o ar está seco, muito seco. A verdade é que está quente, infernalmente quente.
   O culto da igreja na frente de casa é bem regular, 3 vezes ao dia de segunda a segunda. Acredito que a ordem mais comum dos pastores é "queima!", ao menos é o que eu mais ouço. Hoje algo queimou.
   Acho que os bombeiros daqui da cidade há tempos não tinham uma situação como esta: um galpão de uma beneficiadora de algodão pegou fogo. O caminhão desceu a avenida como um raio vermelho, luzes piscando em uma árvore de natal. Parece natal mesmo, as portas das casas se abriram, donas de casa com suas roupas confortáveis fitavam o comboio, como se fosse o da coca-cola. Crianças na janela procuravam papai noel no céu de fumaça. Nos bares, todos olhavam para o firmamento escuro, copo de cerveja na mão, um gole seco para apagar o fogo na alma.
   Não sei o que deveria sentir com tudo isso. Certamente prejuízos materiais ocorreram. Talvez pessoas tenham se machucado, não sei. Mas não consigo ter curiosidade em saber o que está ocorrendo, ou especular com as pessoas nas calçadas. A única coisa que consegui pensar era no céu escuro, sem estrelas, mas que não chorará nenhuma gota. Indiferente, o céu contemplará as luzes piscando, o povo correndo e o fogo ardendo, miseravelmente indiferente.
 





sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Tirando a poeira do teclado

     Já perdi a conta de quantas vezes fiz um post com o título "tirando a poeira do teclado"... é assim, esqueço por um tempo, daí eu penso em alguma coisa... "até que sairia um texto legal sobre isso"... daí esqueço novamente...
      Esse blog me acompanha há quanto tempo? Um bocado. E vez ou outra eu me lembro dele. Vez ou outra dá aquele comichão de escrever, sabe?
     Acho que é assim que funciona... vez ou outra dá uma vontade de acessar os rincões do passado, revisitar amigos, cavar lembranças da adolescência, da faculdade... rir de novo, chorar mais uma vez, aquele doce gosto de memória que amarga no finalzinho...
     Por vezes parece que você perdeu tanto... passou tão rápido, e entre oportunidades de abraços perdidos e sorrisos não dados, desperdiçados pela correria e pelo costume, pelo presentismo... parece que algo faltou... parece que algo foi roubado...
        O tempo, e em especial esse nosso tempo em que vivemos, é assim, efêmero, se desfaz tão rápido, um sopro, uma frente fria vinda de não se sabe onde muda tudo... e quando você menos percebe, amigos, parentes, quase parentes, estão espalhados por aí... acessíveis por essa rede maravilhosa que te dá essa possibilidade de sentir o gostinho doce mais uma vez... mas sempre vem aquele amarguinho no final...
         Só para dizer que sinto falta. Dos meus amigos de Poços, dos meus colegas de faculdade, dos amigos que fiz em Bauru, em Birigui, no trabalho, na sala, nos corredores, nos trailers... em todo lugar. Espero que em cada canto um pedaço de mim tenha ficado, porque um pedaço de cada canto eu trouxe comigo.

          É... só para tirar a poeira do teclado : )

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Leap of faith

Demorei para chegar aqui em cima. Certamente é bem alto. Não é possível sequer enxergar o fundo do vale... apenas vejo o escuro e o vazio...
O vento que sopra não me ajuda a decidir: agora me empurra para longe do penhasco, daqui a pouco me puxa para ele. É bom estar aqui. É confortável, é seguro. Me arrisquei quantas vezes saindo da zona de conforto? Poucas vezes, e acho que tive sorte em vir parar aqui. Confortável e seguro.
Mas não é aqui que quero estar. Definitivamente não é. Eu quero é continuar nesta situação, confortável e seguro. É a situação. Confortável e seguro, deitado nos pelos do coelho.
Mas a situação muda. O vento muda. E eu tenho medo de mudar. Mas melhor mudar por mim do que pela situação. Melhor tomar vantagem, antecipando o salto do que ser empurrado para o penhasco. Melhor não ser pego de surpresa. Melhor escolher, assumir as responsabilidades dos seus atos do que arcar com as consequências das decisões dos outros.
Sempre me arrisquei. A cada escolha que me trouxe para este confortável e seguro. De alguma forma essa mudança é para voltar para algo que eu sempre quis que durasse. Essa mudança é, quem diria, uma permanência. Talvez eu seja bom em mudar e nem tenha percebido.
Não retrocedo, eu recuo um pouco para tomar impulso.
Tenho medo. Mas medo é bom. É sinal que você se importa.
Um cheiro familiar de bolacha, vindo da imensidão incógnita, me convida a pular. Vozes conhecidas me chamam de dentro do desconhecido amanhã.
Recuo um pouco para tomar impulso.
Corro para o meu "leap of faith". Salto. Abraço meu incerto futuro. Ele tem cheiro de bolacha de maisena.
...
...
...
...
Então nos encontramos de novo, cidade com céu de bolacha!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Downpour

Pensadores afirmam que um grande passo no desenvolvimento da sociedade foi a racionalização dos eventos naturais. Algo como predição, previsão, chame como quiser. Conhecimento é poder.
Prever consequências, possibilidades. Controlar o externo, o que não depende de você. É um paradoxo: como controlar algo que tem sua existência independente da sua? Indiferente, que te ignora?
Talvez essa previsibilidade seja só um conforto, um agrado diante do monstro que se desdobra diante de nós. Um pequeno local de segurança no meio do caos que dança a sua volta, dos caminhos infinitos que se apresentam. Da responsabilidade das suas escolhas.
"Amanhã irá chover" que afirmação boba. E no final das contas chove. E ficamos felizes com a nossa grande façanha! "Oh futuro, oh amanhã, oh natureza, sabemos seus passos!"
E por puro desdém o céu limpa. O sol brilha. E quando você pisca os olhos, mães correm para o varal para recolher roupas, janelas vão se fechando, e antes que você note... está ensopado.
E quem sabe a moça do tempo até tenha te avisado "Possibilidade de chuva ao final da tarde". Mas a questão não é a chuva, nem a previsão.
A questão é que nunca estamos prontos para o aguaceiro.
Eu até trouxe a sombrinha.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

that´s my spot!

Sentir-se em casa não é fácil. Quero dizer, não sei se é fácil, não é para mim pelo menos. Talvez seja um pouco esquizofrênico, e com isso muitas pessoas irão concordar.
Desde setembro do ano passado tenho passado por uma situação de "não casa". Morando em um hotel durante 2 meses, depois indo para uma cidade "estranha" (me desculpem os adoradores de Rancharia) e agora vivendo em um hotel novamente.
Mas não é o simples fato de não estar em "casa". É o fato de não "sentir-se" em casa. Não sentir-se à vontade, parece que cada palavra que sai da boca é boba, ou que as pessoas à sua volta não vão muito com sua cara. Sei lá, paranóia talvez.
Mas sabe, sei como é sentir-se em casa. Aquele lugar agradável, onde a luz do sol bate de forma que não te incomoda, mas te aquece na medida exata, onde você pode manter um conversa com seus amigos e ao mesmo tempo fazer as coisas que você tem de fazer, sem ignorá-los, onde o vento nunca é frio, mas agradável. Aquele lugar que você logo pensa: "Oh, that´s my spot!".
No fim, faltam poucos dias para sair do hotel, apenas mais 1 semana e meia. Nem é tanto assim.
Mas no fim ainda vou continuar procurando por um lugar para chamar de "casa".

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Hoje, só para não passar em branco

Hoje.
Hoje odiei lidar com pessoas.
Hoje pensei em desejar o mal a pessoas que sequer conheço, que talvez não mereçam.
Hoje uma conversa com uma velha amiga salvou meu dia.
Hoje dormirei bem.
Mas ainda hoje, só para não passar em branco, reservo um pouco de ódio para algumas pessoas.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

bate bola

O Corinthians foi campeão ontem. Confesso que torci um pouco, a despeito do jogo ter sido ruim pacas, o título foi legal.
Não sou grande fã de futebol de fato. Seria incapaz de dizer nomes de jogadores de qualquer escalação. O texto não é sobre isso.
Após o fim do jogo a câmera filmou alguns torcedores. Muitos deles choravam. Choravam de alegria, presumo.
Isso me deu uma certa angústia. Quero dizer, nunca chorei de felicidade, não que eu me lembre. Em eventos "grandiosos" da minha curta vida, nunca chorei de felicidade:
Passei no vestibular em uma faculdade pública. Nada
Me formei. Nada.
Passei em um concurso público. Nada.
Passei em outro concurso público. Nada.
Comprei um PS3. Nada.
Desbloqueei meu Ps3. Nada.
Joguei Mortal Kombat 9... nada...
Enfim... brincadeiras a parte, nunca senti a emoção que aqueles torcedores sentiam... e bem, nem é algo deles mesmo, manja? Eles não ganharam nada, o time ganhou e tal... mas eles de alguma forma absorveram aquilo com uma vitória "deles".
Não quero parecer elitista nem nada. É só uma constatação. Gostaria de sentir essa alegria em momentos pequenos, em conquistas que sequer são nossas de fato.
Hum... acho que eu sou muito egótico para isso talvez... ou talvez não saiba aproveitar essas "pequenas grandes" alegrias da vida, né?
E olha que o jogo foi ruim, hein?